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24 dezembro 2013

Amigos,

Cada data traz marcas importantes para vida de cada um e tem um sentido especial ou não!
No Natal as famílias se reúnem para confraternizar e celebrar, todos ficam mais solidários, indulgentes, amáveis. Para mim o nascimento de Jesus, que vem seguido do solstício de verão, simboliza a vida vivida nos moldes do amor incondicional, mensagem que há muito tempo esse espírito de luz veio trazer e de alguma forma deixou essa semente plantada na alma das famílias.
Desejo a todos que esse amor compartilhado nesta data se eternize nas relações humanas. Que todos olhem para os seus pais e abram o coração para tudo o que procede deles; que percebam de onde eles vêm; que olhem para trás deles e vejam seus antepassados e tudo o que viveram; que olhem para seus destinos, para o seu país, a sua cultura, as suas crenças e digam SIM, eu venho daí, OBRIGADO.
 Porque só podemos estar em sintonia conosco quando nos encontramos em sintonia com os nossos pais. Isso significa abrir o nosso coração para tudo o que procede de nossos pais, e quando entramos em sintonia com eles, entramos em sintonia com os nossos ancestrais, com o nosso país, com o nosso povo, com a nossa religião. Nascemos nesse contexto e ele faz parte da gente. Quando não o aceitamos, negamos a nós mesmos e estamos sempre incompletos.
E continuando as palavras de um grande homem, o qual tem me inspirado e ensinado muito ultimamente: “De repente estou livre para desabrochar e meus pais, meus ancestrais e tudo aquilo que foi precioso quando eu era criança, alegram-se com isso. À medida que desabrocho honro todos eles. E eles se alegram com o meu desenvolvimento.” (HELLINGER)
Quando adquirimos essa compreensão e incluímos a todos, entramos em sintonia com esse amor maior que Jesus nos ensinou. É possível amar o outro como ELE É, e romper esse ciclo de conflitos, ruínas, julgamentos da história da humanidade, de nossas histórias, por vezes.

Feliz Natal !!!

25 outubro 2013

Caminhos do Amor

          "As grandes histórias de amor falam do amor que liga pessoas que antes se rejeitavam ou até lutavam umas contra as outras e superam aquilo que as separam. São as histórias de amor de nossa época.
           Amor, para a nossa época, significa o amor que conecta aquilo que até agora se encontrava separado. É um amor tão amplo e aberto que presenteia a todos, para além das diferenças entre o bem e o mal, entre o meu eu e o outro, com o mesmo direito e assentimento. Faz com que experimentemos aquilo que une a todos como aquilo que realmente importa e possui grandeza pois apenas quando reconhecemos o que existe em comum entre todos nós cada um de nós pode ser da maneira que é.
           A história desse amor é a mais bela, a real história, a história de amor comum a todos no qual podemos ser do modo como somos."
           Hellinger toca a alma porque o amor é generoso, cuida, faz o outro brilhar, aceita o outro do jeito que é e diz SIM a tudo, a todos - a família, aos amigos. E quando se casam a tudo incluem,  porque se casam com a LUZ e com a SOMBRA, uns dos outros.

07 setembro 2013

          ESSA LINHA TÊNUE ENTRE O FANTÁSTICO E/OU A(S) REALIDADE(S)

           Há aqueles momentos em que tomados por algo maior, percebemos o mundo por um outro olhar, o qual nos é estranho mas também nos é natural. Olhar o mundo por uma lente translúcida, uma que nos permite ver outras nuances daquilo a que compreendemos como realidade. Se há uma única realidade? A história já nos mostrou que ela se encontra toda fragmentada e como individualidades, fragmentos de uma totalidade, criamos e a recriamos por meio de nossas experiências.
          Desde pequena sempre tive um fascínio pelo mundo das histórias, dos contos de fadas, de duendes, de fada, de Blumas de Avalon, histórias de mulheres cuja experiência da integração com a mãe natureza, com o seu corpo, com os animais e consigo mesmas eram vistas como algo perfeitamente natural. O tempo vai passando, as crenças, os tabus, a escola, os "mestres" vão moldando-nos e deixando pra traz essa linha tênue, que enquanto crianças mantemos com a outra dimensão - o fantástico e a realidade.
          O encantamento com os espelhos, vistos como portais; os prismas, a refratar a luz do sol; os sinos, batendo ao vento; os incensos, trazendo o perfume da natureza pro ambiente; as fontes, trazendo o som das águas; os véus, e a transparência das cortinas, e os cristais, e os vidros secos ou molhados pela chuva, com seu efeito de transparência mostrando o outro lado; todos são mais do que afinidades de minha alma. Denotam, na verdade, um jeito de SER, de SENTIR e de OLHAR diferente o mundo. E, por vezes, esse JEITO é tão mal interpretado. 
         Somente hoje me dei conta dessas afinidades, a partir da leitura da entrevista de Júlio Cortázar a Omar Prego, quando o escritor explicava o universo de criação de seus contos. A fala que me marcou segue:  Por isso é que escrevi um texto onde resenho o fascínio que senti, desde muito pequeno, por tudo que é transparente, os cristais, os vidros, e que continuam me fascinando, porque o fenômeno da transparência e o fato de que a visão possa atravessar uma superfície opaca, uma superfície material como o cristal, continua me parecendo um convite a ver naquela matéria outras coisas que normalmente, habitualmente, não vemos. Desde muito pequeno, os óculos, os vidros dos óculos, me parecem fascinantes.
          Fica aqui a homenagem a um escritor que faz parte das minhas identidades, de minhas afinidades eletivas, a descoberta que transcende a identidade com a obra; mas, agora, a identidade com o ser humano Júlio Cortázar. A cada trecho da entrevista surge a admiração pela sensibilidade do homem, ou melhor, da alma JC. E numa sorte de Sherazade que precisa contar as suas estórias de Mil e uma noites, porque precisa vencer a morte, porque não quer calar, a fim de vencer as redes que nos amarram e nos impedem, essa rede despregada; volto a escrever meus contos, meus ensaios, meus diários, como há muito já não o fazia, talvez, pela tristeza que sentia na alma, por se sentir uma estranha no ninho, ou por não ser compreendida. A necessidade de trazer a tona as imagens formadas no interior saltitantes de se expressarem, de trazer a alma pra fora, volta agora. Obrigada, pois os limites tênues do fantástico e da realidade presentes na alma da criança, presentes na alma dos românticos, voltaram a dar vasão a minha escrita.