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21 novembro 2015

Ordens de ajuda na educação: uma intervenção a se pensar?


          Vivemos uma vida acreditando que a ajuda não tem limites. A ideia de doar-se, ajudar ao próximo são construídas desde de nossa infância com esse sentido. Contudo, nessa breve reflexão busco referência para pensar sobre o assunto na visão de Bert Hellinger.
           Segundo Hellinger, ajudar é uma arte e , dessa forma, ela pode ser aprendida e praticada. Aqui, no caso, o olhar volta-se para quem precisa de ajuda , ou seja, implica desenvolver uma sensibilidade para entender aquele que procura ajuda, compreendendo assim aquilo que lhe é adequado, a ajuda necessária para erguê-lo acima de si mesmo ou para algo mais abrangente. Do contrário, não será ajuda.
           Nas palavras de Hellinger: Nós, seres humanos, dependemos, sob todos os aspectos, da ajuda de outros. Só assim podemos nos desenvolver. Ao mesmo tempo, precisamos também ajudar outros. Aquele de quem não se necessita, aquele que não pode ajudar outros, fica só e definha. A ajuda serve, portanto, não somente aos outros, mas também a nós mesmos. *(Hellinger,B., p.13) Assim, há dois níveis de ajuda, o que ele chama de o dar e o tomar acontece, primeiro entre pessoas equiparadas (parceiros), permanece no mesmo nível e exige reciprocidade; o segundo, entre superiores e necessitados (pais e filhos, por exemplo), há um desnível. Este último é como um rio que leva adiante o que recebe de si.
            Ao usar a imagem do rio que corre, a ajuda pressupõe que precisamos receber e tomar primeiro de nossos pais para que possamos passá-la adiante, pois só assim teremos as necessidade e a força de ajudar outros. Ao mesmo tempo, retomo a ideia de limite na ajuda que coloquei acima para colocar que ajudar implica que aqueles que queremos ajudar "também necessitam e desejam aquilo que podemos e queremos dar a eles. Caso contrário, a nossa ajuda se perde no vazio. Separa, ao invés de unir." (p.14)
             A relação entre professores e alunos se encaixaria no segundo nível de ajuda. Aí, lanço uma reflexão para esse momento de crise na educação mundial: Será que o professor está doando o que é adequado e necessário ao aluno? Será que o docente, no sistema escolar, está ocupando realmente essa posição de 'superior' e o aluno, a de 'necessitado', o que seria o adequado? Ou essa ordem está invertida?
            Nesse sentido, pensar numa educação capaz de atender às necessidades do século XXI e do jovem contemporâneo não implicaria uma tentativa de rever essa relação de ajuda?
              Minha resposta é não, o professor não está doando o que é adequado e necessário ao aluno. A sociedade inverteu a posição do docente no sistema, um dos fatores geradores do desequilíbrio que presenciamos nas relações de ambos. Logo, sim, essa ordem está invertida, por vezes. Digo, por vezes, por que sim, há uma crise de sentido no que diz respeito a função do professor.
             Garantir o sucesso na educação de nossos jovens significa reconduzir o professor ao seu lugar dentro do sistema, não só o conscientizando mas também a sociedade da importância dele, do que ele pode e até onde ele pode ajudar esse jovem. O professor não é o "salvador" sozinho.
             Um bom começo seria o respeito à dignidade desse profissional, dando-lhe o status merecido, sem os tão conhecidos discursos ilusórios.

* HELLINGER, Bert. Ordens da Ajuda. Atman Editora.  

06 novembro 2015

Sintonia

Como olhar a natureza e não se emocionar? A sensibilidade grita o doce som do amor que anda solto no ar, aguardando o sim da humanidade para a felicidade inerente à cada ser. Desejosa de vir à tona, porém sufocada pelas dificuldades em perdoar, desapegar-se, seguir rumo a própria essência, aguarda brincando com as brumas. É preciso sintonizar-se.