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02 setembro 2012

         Ontem ( Sábado, 01 de Setembro) eu e algumas amigas estivemos na palestra do Dr. Eric Pearl, na Clínica São Vicente, na Gávea ( RJ), a fim de compreender o que seria "The reconnection healing", um novo processo de 'cura' que começou a se manifestar através do Dr. Pearl, inesperadamente. Coloco a palavra 'cura' entre aspas, pois o próprio diz não gostar desse termo, uma vez que o que faz é trazer luz e informação para o dna humano, reconectando o indivíduo com a sua própria essência. Porém, usa esse termo pois num primeiro momento, é mais fácil compreendermos e despertar o nosso interesse através do termo cura do que falar de que será feita uma "alteração" em nosso dna. Digamos que o termo é mais didático já que muitos ainda estão presos a lendas, mitos, crenças.
         Essa, contudo, é a minha leitura devo esclarecer. O que ficou de forte da palestra de ontem foi: estamos sempre à procura de um pai ou uma mãe que nos ensine tudo, seja na escola, seja na igreja, no trabalho e as nossas relações sempre são pautadas na relação alguém fala, detém o conhecimento e passa para o outro que deseja apreender. Ainda assim, enquanto o Dr. Pearl divulgava o seminário que acontecerá em São Paulo, no mês de novembro, quando estará ensinando aqueles que assim o quiserem a fazer a cura receptiva, esse médico em uma frase disse o que muitos sabem, mas ainda precisam ouvir: " nós precisamos perceber que somos mestres e temos o poder". Não quis dizer há pouco, evidentemente, que quando precisamos de ajuda, não devamos fazê-lo ou solicitá-la, mas as palavras chegam e cada um as interpreta segundo suas percepções e necessidades. O mestre está lá, a conexão está aqui no espaço e tempo, é preciso abrir a porta, há vários caminhos. Esse foi um desses caminhos mostrados. Contudo, fica a certeza que o momento é único e a solitude, a volta para dentro de si traz a possibilidade de abrir a porta para o nosso SER ser. Isso tudo sem crenças, rituais, mas pelo simples desejo de permitir-se liberar de tudo isto.

01 maio 2012

O terceiro círculo do amor: Dar e tomar

         O terceiro círculo do amor é o dar e o tomar. Quando homens e mulheres tomaram totalmente seus pais e se tornaram um casal, 'eles deixam fluir aquilo que veio de seus pais' (p.79) e se dão mutuamente. 
          Significa dizer que há necessidade de equilíbrio nessa relação entre o dar e o tomar, ou seja, num relacionamento os parceiros devem dar e tomar reciprocamente. Porém, o dar começa com o correto tomar, Hellinger afirma isso, pois é imprescindível que ambos tomem para si na mesma medida. É aí que reside a maior dificuldade, porque ele une em profundidade. Tornar-se adulto em certa medida implica saber dar e tomar igualmente.
          Sem dúvida, quando não há esse equilíbrio torna-se mais fácil dar do que tomar para alguns, pois dando eu me sinto superior e quando tomo algo para mim, reconheço-me dependente, já que ao tomar o que o outro me dá, confesso-me carente. Há aqueles que dão também com a perspectiva de receber algo em troca, em geral, eles se consideram melhores do que as outras pessoas e desejam se manter numa posição de superioridade. Por outro lado, há aqueles que só querem tomar, mas sempre têm algo a reclamar quando recebem alguma coisa ou os presentes nunca são suficientemente bons. Percebe-se isso frequentemente nas relações entre homens e mulheres.
          Então, já que o dar começa com o correto tomar, como devemos tomar o que nos oferecem?
          Bert Hellinger ensina dessa forma:
                     Tudo tem algum valor. Quando alguém me dá alguma coisa, ele me deseja algo de bom.
                     Eu  o tomo assim, porque me é dado por ele. Nesse momento tudo que ele dá se torna valioso. Aquilo se transforma e, de repente, eu percebo: "Ah, isso também tem para mim  algo de belo". É nisso que consiste o tomar.
                    Como pessoas adultas, devemos dar sem esperar receber do outro algo que ele não pode dar-nos. Essa atitude nos dá força para nos tornarmos pais e mães. Nela, o tomar se completa e começa a transmissão, o intercâmbio entre as gerações. Este é o terceiro círculo." (p.72-3)

30 abril 2012

        O segundo círculo do amor é a infância, logo tudo o que recebemos de nossos pais, todos os esforços que lhes custaram: "O que essa criança tá precisando?" É preciso que os filhos reconheçam tudo isso, é preciso aceitar, inclusive se eles tenham cometido erros. É preciso se defrontar com todos esses desafios, sofrimentos, a necessidade de se firmar, já que ao aceitar e assumir isso, eu CRESÇO.
      Olha que importante que o Hellinger afirma: 
                            " A criança procura evitar, às vezes, tomar e agradecer, tornando-se ela própria uma  
                             doadora. Porém, muitas vezes, ela dá algo de errado ou dá em excesso: por exemplo, 
                             quando pretende assumir por seus pais algo que não lhe compete como criança.
                             A criança tem, às vezes, dificuldade em receber, porque o que vem dos pais é tão grande 
                             que a criança não pode retribuir na mesma medida. Então ela prefere tomar menos, para 
                             que não tenha de retribuir tanto." (p.67)
        Significa dizer que algumas vezes os filhos não conseguem suportar o desnível que sentem em relação aos pais, ainda mais quando não têm consciência que a verdadeira compensação provém de transmitir adiante o que receberam deles, para os outros ou as gerações futuras. Ele se refere, aqui, a uma das ordens sistêmicas: o equilíbrio entre o dar e o receber. Em se tratando da relação entre pais e filhos: aqueles são os grandes, estes são os pequenos. Os filhos recebem dos pais e poderão passar adiante, para as próximas gerações, o que receberam. 
       Nesse sentido, muitos vezes a sensação de que não podem retribuir é um dos motivos que os levam a deixar a casas dos pais, geralmente, recorrem às recriminações para adquirir o direito de separar-se deles. Contudo, se os filhos conscientizam-se de que há essa possibilidade de compensação, aprendem a lidar bem com isso, ou seja, " aprendem como lidar com o que receberam e aprendem o que podem fazer com isso. A vantagem dessa atitude é que não precisam negar nada do que receberam dos pais. Podem tomar tudo, porque sabem que o repassarão" (p.67)
         Compreender bem esse segundo círculo do amor e conseguir passar totalmente por ele possibilita que estejamos prontos para uma relação conjugal confiável. Para Hellinger, as dificuldades e os problemas nos relacionamentos ulteriores , em sua maioria, resultam de não terem sido completados os dois primeiros círculos do amor. Vale uma reflexão!
 

29 abril 2012

Os círculos do amor

        Venho estudando, ultimamente, as ordens existentes dentro sistema que regulam as nossas vidas, os nossos destinos, estejamos ou não conscientes disso. Assim, achei interessante trazer, aqui, as colocações de Bert Hellinger acerca dos círculos do amor.
        O primeiro círculo do amor, segundo Hellinger, começa com o amor recíproco de nossos pais, como um casal. Para não correr o risco de alterar a clareza dos escritos dele, irei citá-lo: " Foi desse amor que nascemos. Eles nos geraram e nos acolheram como seus filhos. Eles nos nutriram, abrigaram e protegeram por muitos anos. Tomar deles amorosamente esse amor é o primeiro círculo do amor. Ele é a condição para todas as outras formas de amor. Como poderá alguém, mais tarde, amar outras pessoas, se não experimentou esse amor? Faz parte desse amor que amemos também os antepassados de  nossos pais. Eles também foram crianças e receberam de seus pais e avós o que depois transmitiram a nós. Também eles, através de seus pais e avós, vincularam-se a um destino especial, assim com nós nos vinculamos ao seu destino. A esse destino nós também assentimos com amor. Então olhamos para nossos pais e nossos antepassados e dizemos amorosamente a eles: " Obrigado"." (p.65) 
         Neste capítulo Sobre pais, puberdade, relação conjugal e a arte de tomar, do livro "Um lugar para os excluídos: conversas sobre os caminhos de uma vida", o terapeuta orienta-nos sobre os cinco círculos do amor de maneira didática e, além disso, passa algumas meditações que nos auxiliam nesse trabalho de tomar as nossas origens, a nossa vida, os nossos excluídos. Agradeço a minha amiga Cecília pela indicação do livro e , da mesma forma que recebi tal conhecimento, passo-o adiante para aqueles que o desejem.

24 março 2012

Teias pelas quais estamos e somos envolvidos.

         Em "Laços para falar em 'nós'", Bauman examina os processos por meio dos quais nós, indivíduos, nos reunimos em configurações maiores. E considera como essas divisões maiores as comunidades ,  formadas por " um grupo de pessoas não claramente definidas nem circusncritas, mas que concordem com algo que outras rejeitem e que, com base nessa crença, atestem alguma autoridade." (p.75) Esses grupos são exemplificados mediante os religiosos, as famílias, os partidos, as organizações, dentre outros. Ali atesta-se uma espécie de regras implícitas ou mesmo explícitas que os mantém integrados.
          O texto torna-se relevante à medida que permite uma leitura materialista e sociológica crítica das interações humanas, contudo, gostaria de ir além dessas questões, retomando a visão sistêmica postulada por tantos teóricos e, dentre eles, Bert Hellinger. Nesse sentido, prefiro pensar no conceito de 'sistema' como a ligação a mecanismos e dinâmicas que se desenvolvem, muitas vezes, em nossas vidas, nas vidas das organizações, enfim, nos grupos existentes e nos quais nos integramos, sem que nos demos conta. São essas relações inconscientemente vivenciadas por nós diariamente. Há uma série de ventos invisíveis determinando nossas vidas, comportamentos e muitas vezes, senão a maioria destas, não nos conscientizamos.
      Quem nunca se sentiu assim: Às vezes é preciso desapegar-se, as palavras se calam, já não há nada a dizer, só a sentir, sentir o quanto em muitos momentos somos envolvidos em teias, em destinos, os quais não conseguimos desatar os nós. E que, impreterivelmente nos vemos envolvidos, conduzidos, sem que consigamos fazer escolhas diferentes. É uma briga que surge no trânsito, a princípio sem grande importância, e que muitas vezes tomam proporções assustadoras; é uma briga entre um casal, iniciada por um comentário bobo de ciúme, mas que toma proporções que geram uma separação, etc.
    Como dentro dessa sociedade materialista podemos solucionar esses dilemas? Não há como. A experiência tem mostrado que essas possibilidades só surgem se uma visão integrada e holística do homem for desenvolvida, do contrário, vemos aí o que se tornou a história humana: uma reprodução moderna da racionalidade do mundo fragmentado, que desconsidera a totalidade. Por consequência, a dualidade segue e as dificuldades de integração das partes se perpetuam.

Por: Daniela Vieira

11 março 2012

O que é a Matrix?

Recebi este texto de uma amiga via e.mail e o achei interessante para refletirmos um pouco, por isso, deixo aqui apenas alguns fragmentos e , na medida do possível, irei colocando-o em partes.


Por Rui Fragassi
Baseado em "Tales from the Time Loop" de David Icke
Revisão: Bernardo de Gregorio

“O conceito matemático de Matriz [= Matrix, em inglês] consiste em uma ordenação adequada de símbolos [normalmente números] no espaço. Em duas dimensões, essas ordenações são chamadas de 'linhas' [na horizontal] e 'colunas' [na vertical]”. 

Somos emanações divinas presentes eternamente no infinito AGORA. Tudo que observamos são nossas criações mentais. Tempo e espaço são conceitos ilusórios que criamos, formando uma prisão, que podemos chamar de 'Matriz'. A única verdade é o Amor Infinito - todo o resto é ilusão. Vamos aos detalhamentos: 

1. Hologramas são projeções de energia ou 'luz' que parece, ao observador, ser uma forma de 3 dimensões, mas na realidade são uma série de códigos e padrões de onda que apenas geram a ilusão de 3D quando um laser emite sua luz sobre esses hologramas. Toda a realidade dos 5 sentidos é uma ilusão holográfica que apenas existe de uma forma 'sólida' porque o cérebro/mente humana faz com que se aparente desta forma. O mundo 3D de paisagens, mares, edifícios e corpos humanos, apenas existe nessa forma quando nós olhamos para ele! Se não ele é uma massa de campos vibratórios e códigos. No filme Matrix, a Matriz é representada, vista de fora, por uma série de números verdes e códigos, enquanto que do interior ela é vivenciada como o tipo de mundo em que nós pensamos que vivemos - montanhas, ruas, pessoas etc. Esta é uma boa analogia.

2. Nós não enxergamos com os nossos olhos, nós enxergamos com o nosso cérebro! No caminho dos olhos até o córtex visual, região cerebral responsável pela “fabricação” da visão (gnosia visual), os lobos temporais editam e reconstroem até 50% ou mais da informação original que entra através da retina e nós apenas “vemos” o que o cérebro, com todas as suas realidades condicionadas, decide o que ele está vendo.

Em “O Universo Holográfico”, Michael Talbot conta-nos que nos anos ‘70 seu pai contratou um hipnotizador profissional para entreter um grupo de amigos. Um dos escolhidos para ser hipnotizado foi um homem chamado Tom e era a primeira vez que ele encontrava-se com um hipnotizador. O que os hipnotizadores de palco fazem é programar as pessoas para acreditarem que elas estão vendo algo ou fazendo algo que, na verdade, não passa de pura invenção. O hipnotizador fez Tom acreditar que existia uma girafa na sala e mais tarde fez com que comesse uma batata crua acreditando que era uma maçã. Essas são confirmações de que o cérebro vê e experimenta o que ele é programado para acreditar o que ver e experimentar. Mas a parte mais interessante da história veio quando Tom foi trazido de volta para o estado de consciência desperta. Logo antes do hipnotizador terminar o estado de transe formal,  ele disse a Tom que quando ele acordasse ele não seria capaz de ver sua filha, Laura. O hipnotizador pediu a Laura para ficar em pé de frente e junto do pai de tal forma que quando ele abrisse os olhos ele estaria olhando no estômago dela. Quando perguntaram a Tom se ele conseguia ver sua filha, ele respondeu que não. Laura se mexeu bastante, mas não deu nenhum resultado. O hipnotizador se colocou atrás de Laura e segurou algo contra as costas de Laura. Para ver esse objeto, Tom teria que ver através de sua filha. O hipnotizador pediu a Tom para dizer o que ele estava segurando em sua mão e, inclinando-se para frente para junto do estômago da filha, ele disse: “um relógio”. Foi-lhe pedido então para ler a inscrição no relógio e ele leu. O hipnotizador confirmou que realmente estava segurando um relógio com a inscrição descrita por Tom. A mente de Tom foi programada para acreditar que ele não poderia ver sua filha e portanto ele não a viu. Além disso, ele pôde ver o que estava atrás dela. Como isso é possível? Nós construímos nossa realidade “aqui dentro” e não “lá fora”.

(...) Uma das mentiras mais enraizadas em nós é o nosso conceito (ilusório) de separação espacial e de tempo. 

Comecemos pelo nosso conceito de tempo: com o conceito de tempo estabelecido na superfície de nosso planeta Terra, todos nós podemos praticar um ato posterior ANTES de um ato anterior, basta cruzar de oeste para leste o “meridiano do tempo”, que cruza o Oceano Pacífico exatamente na localização oposta ao meridiano de Greenwich. Desta forma cria-se uma diferença de tempo entre os atos de quase 12 horas! Que absurdo! Nosso conceito de Tempo é uma tremenda ilusão. Passado, presente e futuro: ilusão! Então, como funcionam todas as coisas, sem o conceito de Tempo? Na realidade só existe o infinito e eterno Presente, o AGORA, com todos nossos conceitos de eventos passados e futuros ocorrendo no eterno Agora, em realidades paralelas simultâneas, criadas por nossas mentes. É exatamente por causa disso que videntes conseguem “ver” e “sentir” acontecimentos “passados” e “futuros”: eles estão presentes no Agora! Reencarnação, portanto, não é um processo de vir e sair deste mundo com o passar do tempo: é mover-se para dentro e para fora de diferentes realidades, todas acontecendo simultaneamente.

Ainda não está convencido sobre a ilusão do tempo? Então considere um dos grandes mistérios que é a predição do “futuro”, que muitos estudos já provaram ser possível. Um exemplo nesse sentido é o “teste da cadeira” proposto pelo vidente holandês Gerard Croiset: investigadores iriam identificar eventos em salas espalhadas pelo mundo que não tivessem assentos numerados pré-alocados. As pessoas sentariam onde quisessem quando elas chegassem ao local do evento. O investigador daria a Croiset um assento particular para ser focalizado semanas antes do evento e ele teria que descrever a pessoa que iria sentar lá durante o evento futuro. Durante 25 anos Croiset descreveu os ocupantes dos assentos com enorme precisão. Dra. Jule Eisenbud, professora clínica na Universidade do Colorado, conduziu um desses testes em 1969. Mais de duas semanas antes de um evento em Denver, Colorado, Eisenbud contactou Croiset na Holanda e deu a ele um assento para “ler”. Croiset disse que o homem que iria sentar naquela cadeira tinha cerca de 1.75m de altura e trabalhava na indústria e com ciência. Em seu trabalho, disse Croiset, ele usava um avental de laboratório que estava manchado com um produto químico esverdeado. Ele disse que o homem tinha os cabelos pretos, penteados para trás, uma cicatriz no seu dedão e um dente de ouro na sua mandíbula inferior. 17 dias depois, este mesmo homem sentou no assento e Croiset estava correto em todos os detalhes, inclusive sobre sua altura. Como isso é possível? O homem “depois” na cadeira e o homem “antes”, antes mesmo que ele inclusive soubesse que ele iria àquele evento, não eram eventos que estavam acontecendo separados por várias semanas: eram eventos concomitantes na eternidade. Eles estavam acontecendo simultaneamente. Eram duas realidades mentais distintas, mas acontecendo no Infinito AGORA!!

4. Uma ilusão só pode controlar você quando você pensa que ela é real. Quando nós observamos nossas experiências diárias nós estamos olhando em um espelho de nós mesmos. Portanto, para mudar seu mundo mude a você próprio. Não culpe os outros, pois isso é aceitar que os outros têm poder sobre sua vida e sobre a realidade que você cria. (...)

26 fevereiro 2012

É preciso integrar as diferenças.

A maneira como as relações sociais são estabelecidas e delimitadas em nosso mundo, sem dúvida, geram uma série de consequências para a nossa sociedade. Nesse sentido, é possível pensar as formas de interação diárias, ou seja, as formas como os diferentes grupos se relacionam, a qual grupo pertencemos, como esses grupos influenciam em nosso comportamento. Essa discussão é assunto de várias áreas, mas buscaremos respaldo na sociologia, a fim de iniciarmos uma das questões foco de nosso blog: as interações e as integrações das diferenças. Logo, esse ensaio busca refletir essas questões através do texto Observação e sustentação de nossas vidas , de Zygmunt Bauman.
            Segundo o sociólogo, o modo como conduzimos a nossa vida e as escolhas que podemos ou não fazer resultam de uma série de interações que estabelecemos, diariamente, seja direta ou indiretamente, estejamos conscientes ou não delas. Há aquelas relações contemporâneas, ou seja, aquele número grandioso de pessoas com as quais interagimos, diariamente, indiretamente, que não conhecemos, mas que, mesmo assim, influenciam em nossas ações diárias, como, por exemplo, aqueles industriais que demitem uma série de empregados, ou que jogam os resíduos de sua produção no meio ambiente, poluindo-o. Há também, aqueles indivíduos cuja interação se dá de forma direta, mas nossos interesses recaem somente nas habilidades e funções desempenhadas por eles em nossa vida. Os conteúdos das interações orientam-se para o interesse que temos nas habilidades e funções dessas pessoas, por exemplo: o dentista, o vendedor, entre outros.
            Além desses contemporâneos, há os nossos predecessores (aqueles dos quais herdamos ‘sob a forma de mitos’ e ‘preservadas pela memória histórica sob a forma de cerimônias ou de uma adesão a interpretações peculiares do passado’ alguns comportamentos) e há os nossos sucessores, indivíduos para os quais deixamos marcas de nossa existência sem, contudo, esperar que nos respondam. Mudamos de lugares, de categorias, bem como as pessoas à nossa volta também, logo, a nossa empatia também muda. Em síntese, para Bauman, nossa “ autoidentidade fica atrelada às identidades sociais que exibimos para os outros e àqueles que encontramos em nossa existência cotidiana.”(p.54)
            Porém , ao longo dos anos temos feito divisões, a nossa “capacidade de fazer diferenciações e divisões no mundo inclui a distinção entre “nós” e “eles”. O que significa dizer que o "nós" refere-se a algum grupo a que sentimos pertencer e que entendemos e o "eles", ao contrário, a grupos a que não temos acesso nem queremos integrar.”(p.54) Em sociologia o ‘nós’ é representado como intragrupo e o ‘eles’ como extragrupo.
            Em outras palavras, conforme o filósofo e historiador francês Michel Foucault e o também filósofo francês Jacques Derrida sugeriram, temos uma identidade constituída pelo processo de rejeição dos negativos – o extragrupo. Portanto, nossa autoidentificação sofre influência dos recursos que extraímos de nosso ambiente, e não se apresenta de forma fixa, porém, as oposições tornam-se ferramentas através das quais ‘cartografamos’ o mundo.
            Significa dizer que essa noção de pertencimento a um grupo (familiar, instituição, pátria, religião, entre outros.) implica em comportamentos muitas vezes que caminham contra a integração das diferenças. Fazer parte de um grupo significa vivenciar e seguir determinadas regras e comportamentos implícitos a esse grupo, implica uma ajuda mútua, uma solidariedade, um cuidado e uma proteção para com os membros desse grupo. Essa noção de pertencimento faz com que desenvolvamos mesmo inconscientemente determinados comportamentos e atitudes para a manutenção e proteção desses grupos. Aí reside o problema, pois o empenho contido na imagem da unidade e a sustentação dessa realidade tornam-se frágeis, à medida que esse esforço de sustentação da lealdade em grandes grupos, acabam por se manterem por meio da prática da hostilidade em relação a um extragrupo, como a história da humanidade há muito vem demonstrando. Surge, então, o preconceito para com o outro, visto como inimigo, e na recusa em admitir não só virtudes nesse outro como também na aceitação da possibilidade de serem honestas as intenções alheias. Vale ressaltar ainda, que qualquer atrocidade nossa contra alguém do extragrupo parece não se chocar com a consciência moral, porém, quando o outro nos infringe algum ato, mesmo brando , regras severas de punição devem ser impostas. Aquele que faz parte do meu grupo pode cometer qualquer atrocidade e será considerado um 'soldado da liberdade', mas se alguém do grupo oposto fizer a mesma coisa contra o meu grupo será um 'terrorista'.
            A história está aí e não nos deixa ocultar uma série de ações desse tipo como, vimos com o antissemitismo na Europa; as mulheres no período da Inquisição; a xenofobia nas cidades modernas, em suma, não nos faltariam exemplos. A questão é: em pleno século XXI não aprendemos a viver e aceitar as diferenças. Há um movimento mundial de cientistas, estudiosos, pesquisadores, terapeutas, educadores, psicólogos... tentando trazer essa nova consciência de que não somos seres fragmentados, mas fazemos parte dos fragmentos que geram a totalidade, fragmentos estes que agem inconscientemente mas de maneira integrada com essa totalidade.

24 fevereiro 2012

Uma nova educação

         O texto abaixo pertence a Roberto Crema e apresenta uma discussão acerca dos parâmetros educacionais. Vale refletir.
         Uma nova educação precisa transgredir a normas reinantes e decadente. Com suavidade e vigor, com paciência e atrevimento, com flexibilidade e destemor. É com este intuito que quero apontar para esta epopéia a ser desbravada: educar para a Vida, educar para a excelência, educar para Ser.
             No século XX, nós vivenciamos, horrorizados, a duas guerras mundiais e cerca de três centenas de outras guerras. Inauguramos o século XXI e o terceiro milênio com a gélida face do terror, e os seus nefastos desdobramentos. No momento em que estou falando neste congresso, estão transcorrendo cerca de 35 guerras, 95% das quais por questões étnicas e religiosas. E no triste momento em que estou fazendo a revisão deste texto, 19 de março de 2003, uma guerra insana acaba de ser deflagrada, por aqueles que querem eliminar a violência com uma violência maior... É urgente indagar: onde estamos aprendendo a conviver, a viver com? Talvez em alguns espaços terapêuticos e, seguramente, para os que buscam, aos trancos e barrancos, nas sarjetas da existência...
         Estes tristes fatos indicam o óbvio e escandaloso fracasso da educação convencional. São sintomas indicativos de uma instituição esgotada, em estado de decadência, tendendo para o obsoleto. Modelado pelo paradigma da idade moderna, que surgiu no século XVII, precisamos manter o positivo e funcional deste sistema educacional, prevenindo-nos do desastre que consiste em jogarmos fora a criança, junto com a água suja. O enfoque materialista da ciência convencional, com a virtude da razão analítica e a estratégia operacional do empirismo, legou-nos a maravilha de uma tecnociência que pode estar a serviço da causa humana. Desde que complementada com a inteligência do coração, de onde uma ética emana. Juntamente com o empenho facilitador para o despertar das poderosas correntes da fraternidade, do cuidado amoroso. Para que educamos? Educamos a quem?

Esclarecendo Visões: educar conscientemente

        Façamos uma reflexão de base para esclarecer nossa visão do ser humano, a partir da qual poderemos redesenhar o processo educacional em todas as suas dimensões. Antes de falar de educação necessitamos de esclarecer o que Jean-Yves Leloup denomina de pressupostos antropológicos. Afinal, que ser humano é este que queremos educar? Qual a visão que postulamos do projeto humano?

            A cosmovisão, além de ser uma descrição do mundo, modela a nossa atitude diante do real. Uma antropologia, além de ser uma visão e leitura do ser humano, modela a nossa atitude frente a nós mesmos, frente ao outro e à humanidade. Se não definimos consciente e lucidamente estes pressupostos, será o inconsciente, com o seu fardo de compulsões derivadas do passado, que governará as nossas ações.
Como postulava Eric Berne, todos tivemos que responder algumas questões fundamentais nos primeiros anos da infância: quem sou eu? O que é o mundo? Quem são as pessoas que me rodeiam? Quem sou eu diante dos outros? Eu sou melhor? Eu sou pior? O que acontece a pessoas como eu?... As decisões precoces, decorrentes de nossas respostas infantis, é uma estrutura significativa com valor de sobrevivência, um tipo de manual de operação orientador na relação consigo mesmo, com os outros e o mundo. A decisão de ontem torna-se a compulsão do amanhã. Se este plano nos foi útil, no passado remoto, mais tarde se transforma num bloqueio da inteligência, condenando-nos a nos deixar guiar pela precariedade do pensamento mágico da primeira infância.
       Sem o investimento na tomada de consciência deste programa interior, destas vozes íntimas estruturantes, capazes de dirigir o rumo da existência, é o passado que prevalece, modelando um existir predeterminado, por trilhos viciados, sem o dom da Autoria. Freud denominou a estas poderosas forças de inconsciente. Eric Berne operacionalizou este esquema hipnótico, nomeando-o de script, um plano de existência não consciente, determinado pelas decisões precoces da primeira infância. Stanley Krippner se referiu a esta realidade como mitologia pessoal. O autoconhecimento é uma tarefa pedagógica, talvez a mais nobre e imprescindível....